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Saidão

13/06/2017 09:46

Dad Squarisi

Brasília está em polvorosa. A causa: saidão de junho vai liberar 915 presos. Muitos temem pela segurança. Acham que a liberdade temporária pode incentivar alguns a apelar para a violência. Outros tantos se voltam para questão linguística. Saidão não teria de ter acento como saída? A resposta: Não. O acento só recai sobre a sílaba tônica. A fortona de sa-í-da é i. Daí a convocação do agudo para quebrar o ditongo. No caso de sa-i-dão, o enredo é outro. A sílaba tônica é dão. Xô, grampinho!


Solão ou solzinho?

A Nasa prepara sonda de pesquisas que chegará perto da coroa do... Sol ou sol? Quando usar a inicial maiúscula ou minúscula? A grandona só tem a vez quando designa o astro: Já foi enviada sonda ao Sol? Assisti ao último eclipse do Sol. O heliocentrismo considera o Sol o centro do sistema solar. A Nasa prepara sonda de pesquisas que chegará perto da coroa do Sol.

Nos demais casos, a pequenina pede passagem. Quais? Se a referência fôr à luz do Sol, ao lugar iluminado por ele ou aos sentidos figurados do vocábulo: Maria adora tomar sol. Ao correr, evite o sol do meio-dia. De manhã, o escritório fica iluminado pelo sol. O filho é o sol da vida da mãe.

Tal pai, tal filho

“Se o ministro Torquato intervir, não vai ficar exposto?”, perguntou o jornal em entrevista publicada na quarta. Ops! Esqueceu pormenor pra lá de importante. Intervir é derivado de vir. O futuro do subjuntivo de ambos se conjuga do mesmo jeitinho — se eu viver (intervier), ele vier (intervier), nós viermos (interviermos), eles vierem (intervierem). Melhor: Se o ministro Torquato intervier, não vai ficar exposto?

Vedete

O verbo mais citado no noticiário? É ele mesmo — suceder. Olho vivo! No sentido de substituir, o trissílabo exige a preposição a: O filho sucedeu ao pai. Temer sucedeu a Dilma. Setores da base articulam um nome para suceder ao presidente.

Única

Texto publicado no jornal diz o seguinte: “Setores da base articulam um nome para suceder ao presidente. Mas não encontraram ainda uma alternativa.” Ops! O artigo indefinido sobra. A alternativa é sempre única. Por essa razão, o pronome outra, de outra alternativa, também sobra. A forma nota mil é esta: Mas não encontraram ainda a alternativa.

Referência anterior

“Salvar a Previdência. Essa é a nossa maior contribuição”, diz propaganda do governo federal. Leitores ficaram com a pulga atrás da orelha. A razão: o pronome essa. Ele está bem empregado? Está. Ao usá-lo, o redator informa que já se falou no assunto. Essa qual? Salvar a Previdência.

Autocontrole

Prevenir em vez de remediar. Assim pensou a direção da Câmara dos Deputados. Caso o prédio seja invadido por manifestantes, orienta, “mantenham o autocontrole”. Assim mesmo. Autocontrole coladinho. O prefixo auto- só pede hífen quando seguido de h ou o (encontro de duas letras iguais). No mais, é tudo junto: auto-história, auto-orientação, auto-didata, autoincriminação.

Leitor pergunta

Na coluna de quarta, foram abordados sete dos erros mais comuns que doem nos ouvidos dos que defendem nosso idioma e primam pelo seu uso escorreito. Esperava ter ali referência ao verbo arrizotônico adequar. Frustrei-me. Que tal trazê-lo à roda?
João Celso, lugar incerto

Há verbos e verbos. Uns adoram a família. São os rizotônicos. A sílaba tônica cai sempre no radical. É o caso de cantar, comer e dividir. Outros ignoram a raiz. São os arrizotônicos. A sílaba tônica cai sempre fora do radical. Vale o exemplo de adequar. Ele só se conjuga nas formas em que a fortona cai a partir do q.

O xis do problema é o presente do indicativo. Eu adeque? Nem pensar. A sílaba tônica cairia no radical. Por isso só o nós e o vós têm vez (adequamos, adequais). O presente do subjuntivo é formado da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo. Sem ela, nada feito. Os demais tempos e modos são regulares: adequei, adequava, adequasse, adequarmos.