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TSE na vitrine

19/06/2017 16:49

Dad Squarisi

O julgamento da chapa Dilma-Temer deu 3 x 3. Três juízes votaram pela cassação da dupla. Três, pela absolvição. Empate em tribunal não tem vez. O jeito? O presidente dá a palavra final. É o voto de Minerva. Vê-lo assim, a vivo e em cores em decisão tão importante, suscitou curiosidade pra lá de natural. De onde veio a prática?


Voto de Minerva

Veio de longe, da mitologia grega. Orestes matou a mãe e o namorado dela. Com o assassinato, vingou o pai. Agamenon foi morto pelo casal logo que ele voltou da guerra de Troia. O rapaz cometeu o crime mais grave da Grécia. A pena para o matricida era a morte. Carrascos cruéis aplicavam a punição. Eram as infernais Erínias, especialistas em torturar os pecadores.

Consciente do que o esperava, Orestes pediu socorro a Apolo. O deus topou ajudá-lo. Levou-o para ser julgado no aerópago, o supremo tribunal de lá. Atena presidiu o primeiro julgamento do mundo. Doze cidadãos atenienses formavam o júri. A votação terminou empatada. Coube a Atena o desempate. Ela declarou Orestes inocente. Ops! Com o voto de Minerva, nasceu o patriarcado. Os homens assumiram o poder.

Eles

A palavra patriarcado vem do grego. Lá e cá tem duas partes. Uma: pater, que quer dizer pai. A outra: arché, que significa comando. Em bom português: patriarcado é o poder dos homens.

Elas

O voto de Minerva foi o divisor de águas. Antes da decisão da deusa da sabedoria, imperava o matriarcado. As mulheres tinham o poder. Com o bater do martelo no julgamento de Orestes, o comando mudou de mãos.

Sobre o ex

O sempre atento leitor Vicente Limongi Neto observa: “Insisto, é chato, mas a jornais continuam errando. Joaquim Barbosa é ministro aposentado do STF, não ex-ministro. Fácil constatar: Barbosa continua recebendo salários. A exemplo dele, Jobim, Ayres, Sanches, Gracie, Veloso também são ministros aposentados.

Conosco ninguém pode

Há secretárias e secretárias. Mas todas têm uma marca. São um baita quebra-galho. No aperto, sempre dão um jeito. Há o caso da auxiliar que não sabia se sexta-feira se escrevia com x ou com s. Sem dicionário por perto, transferiu a reunião para a quinta.

Outro dia, pintou uma dúvida no escritório. O diretor ditava um texto. A secretária anotava. Num dado momento, ele a mandou escrever:

­— Queremos estar de bem conosco mesmos.

Ela estranhou. A construção não lhe soava bem. Não seria com nós mesmos? Ou o pronome nós, casadinho, vira sempre conosco? Pergunta daqui, pesquisa dali, encontrou a resposta.

O com nós só se emprega quando acompanhado de palavras reforçadoras como próprio, mesmo, todo: As cartas ficarão com nós todos. Paulo jantou com nós dois ontem à noite. Queremos estar de bem com nós mesmos.

Sem a palavra de reforço, o conosco pede passagem. Abra-lhe alas, que ele quer passar: As cartas ficaram conosco. Paulo jantou conosco ontem à noite. Querem estar de bem conosco.

Teste

A frase certinha da silva é:

a. Não é engano. O presidente quer falar com nós mesmas.
b. Não é engano. O presidente quer falar conosco mesmas.


Resposta

Marcou a letra a? Pra lá de certo. O com nós só tem vez quando seguido de palavra que o reforça, o torna fortão. No caso é mesmas.

Conosco não aceita reforço. É o bloco do eu-sozinho: Não é engano. O presidente quer falar conosco.

Leitor pergunta

Ao escrever uma redação oficial (para concurso, Enem e cia.), é permitido o uso de figuras de linguagem, ou esses recursos devem ser evitados? Frases comuns nos jornais, do tipo "Eleição na Holanda serve de termômetro para ascensão da extrema-direita na Europa", são válidas?
Paulo Cardoso, Brasília

Bem-empregadas, Paulo, as figuras de linguagem enriquecem o texto. São pra lá de bem-vindas.