Concurso, Portal Uai, Belo Horizonte, MG

publicidade

Dúvida de Bolsonaro

'Separar alhos de bugalhos é longo caminho.' Sonia Racy

01/04/2019 14:23

Dad Squarisi

AFP / POOL / Menahem KAHANA
Jair Bolsonaro e Benjamin Netanyahu tocam Muro das lamentações, em Jerusalém
Malas prontas, passaporte em mão, Bolsonaro se encaminha para o aeroporto. Está feliz. Israel o espera com banda de música e tapete vermelho. No caminho, pinta a dúvida. Ele deve se referir ao povo israelense ou israelita? As duas formas lhe soam bem. Serão sinônimas? Não. Israelense é o natural ou o habitante daquele país do Oriente Médio. Israelita se refere à religião judaica ou ao povo de Israel no sentido bíblico: avião israelense, tecnologia israelense, fruta israelense, templo israelita, culto israelita, preceitos israelitas.


Tentação sagrada


Ninguém resiste. Quem vai a Israel visita Jerusalém. O presidente & cia. viajeira manterão o script. Darão um pulo na cidade sagrada. Antes, precisam aprender o adjetivo pátrio. Ou melhor: os adjetivos pátrios. São cinco, todos pra lá de sofisticados — hierosolomita, hierosolomitano, jerosolimita, jerosomilitano, jerusalemita.

O primeirão


Amanhã começa novo mês. Olho vivo, marinheiro de poucas viagens. O primeiro dia do mês tem privilégios. Grafa-se com numeral ordinal. Os demais se contentam com o cardinal: Amanhã é 1º de abril. Viajo no dia 30 de setembro. Trabalhei de 15 a 30 de março sem folga.

Dia da Mentira


A história veio ao mundo no século 16. Naqueles tempos idos e vividos, comemorava-se o ano novo durante uma semana — de 25 de março a 1º de abril. Mas, como quem fica parado é poste, em 1564 veio a mudança. O rei da França Carlos IX instituiu um novo calendário. Resultado: o ano novo passou a ser celebrado em 1º de janeiro.

Sem internet, muitos cidadãos não tomaram conhecimento da decisão real. Continuaram com a data antiga. Os informados passaram a zombar deles. Chamavam-nos de bobos de abril. Não só. Mandavam convites falsos para festas de ano novo e presentes divertidos. Não deu outra. Pregar peças nesse dia bateu asas e voou.

Com pedigree


Datas comemorativas têm sangue azul. Nomes próprios, escrevem-se com a inicial maiúscula: Dia da Mentira, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia da Árvore, Dia de São Nunca, Primeiro de Maio, 21 de Abril, Sete de Setembro, Proclamação da República.

Vira-latas


Os meses não têm pedigree. Escrevem-se com inicial pequenina: janeiro, fevereiro, março, abril, novembro, dezembro.


Menos é mais


Que tal fazer economia? Em época de vacas magras, desperdiçar é proibido. Faça dois cortes. Um: deixe pra lá o dígito zero antes do número referente ao dia do mês. Dois: mande plantar batata em terra infértil o ponto que separa o milhar na indicação de ano: 5 de março de 2019.


Menor é melhor


Que tal apertar mais o cinto? Desnecessário escrever dia antes do dia, mês antes do mês ou ano antes do número respectivo: Os militares tomaram o poder em 31 de março de 1964 (não no dia 31 de março do ano de 1964). Em 21 de abril, Brasília comemora mais um ano. A cidade foi inaugurada em 1960.

Limites


O dia começa à 0h e termina às 24h. A madrugada se estende da 0h às 4h. A manhã, das 5h às 12h. A tarde, das 12h às 18h. A noite, das 18h às 24h.

Quando usar 0h e 24h? Guarde isto: 24h é o fim de um dia; 0h, o começo de outro.

Leitor pergunta

Por que comprá-lo, vendê-lo e compô-lo são acentuados e digamo-lo, sabemo-lo e examinemo-lo não são? Há muito tento decifrar o mistério. Sem sucesso. Pode me ajudar?
Marta Fernandes, BH

O acento não tem nada a ver com o pronome. Tem a ver com as regras de acentuação gráfica. Digamo, sabemo e examinemo são paroxítonas terminadas em o. Pertencem à patotinha de livro, carro, menino. Uns e outros dispensam grampos e chapéus. Comprá, vendê e compô são oxítonas terminadas em a, e, o. Frequentam o clube sofá, você, vovô. Daí o acento.