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Candidatos enfrentam verdadeira maratona de estudos por uma vaga no INSS

Expectativa de grande concorrência e tempo de sobra para preparação devem elevar nota de corte do concurso

04/03/2016 10:00

Do CorreioWeb

Ed Alves/CB/D.A Press
Concurseiros de todo o país se preparam para a seleção do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), concurso que promete fazer história e ser um dos mais concorrido do ano. Para se ter uma idéia, a última prova do órgão para o cargo de analista do seguro social, em 2013, contou com mais de 160 mil inscritos e concorrência média de 547 chances por vaga. Já o último concurso para o cargo de técnico, em 2011, reuniu mais de 900 mil inscritos.

A banca – o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) – apesar de ser apontada por muitos concurseiros como a mais difícil do país, deu uma colher de chá para os interessados na seleção. Do lançamento do edital ao dia de realização das provas são cinco meses para focar na preparação, espaço de tempo muito raro no mundo dos concursos, o que certamente vai elevar a nota de corte dos candidatos.

Camila Augusto, formada em fisioterapia, concorre este ano ao cargo de técnico do seguro social e considera que as maiores vantagens do concurso são estabilidade financeira e oportunidade de carreira. Ela afirma que a expectativa de concorrência é de fato grande, mas acredita que poucas pessoas estão realmente preparadas. Camila frequenta cursinho preparatório, mas não restringe os estudos somente a esse espaço. “Tenho estudado em casa, faço aulas extras aos sábados e assisto muitas dicas de professores e de cursos online. Para este concurso me dedico mais à matéria de direito previdenciário. Estudo em torno de oito horas diárias”. A fisioterapeuta considera que o modelo de prova do Cebraspe deve ser respondido com cautela. “O candidato despreparado, que apenas chuta a questão, prejudica-se ainda mais e perde fácil pontuação, já que uma errada anula uma certa. O melhor é deixar em branco para não perder ponto.”

Já Marcilene Gomes está na luta dos concursos desde 2013. Como muitos aventureiros, ela saiu de sua cidade natal, em Fortaleza/CE, para vir ser concurseira em Brasília. Além da sonhada estabilidade, ela foi incentivada a entrar no mundo das seleções públicas por parte da família, que já atua na área. Formada em recursos humanos, Marcilene conta que já trabalhou no setor de previdência, na área trabalhista. Isso a fez ter uma idéia sobre as funções exigidas nos cargos oferecidos pelo INSS. “É sempre bom ter uma base para entender como é o exercício da função e ter certa afinidade com a área. O ramo de concursos pode ser bom, mas também algo que te prenda e acomoda. Por isso procuro fazer concursos em áreas que tenho vivenciado ou que tenha certo conhecimento sobre as funções”.

Marcilene estuda de oito a dez horas diárias e admite que questiona se o que faz vale a pena. Ela diz ter recebido críticas por ter desistido de uma vida que já estava estabilizada, com trabalho assegurado. “Alguns familiares e amigos não compreendem. Acham que estou apostando em algo incerto”, desabafa. Apesar das dificuldades, a estudante acredita que esse é o melhor momento para investir nos estudos. “Estou jovem, tenho energia e força de vontade. Estou tentando hoje para colher uma vida melhor futuramente”.

O analista de sistemas Judson Filgueira também aspira ao cargo de técnico do INSS. Há um ano e meio ele está desempregado e acredita que tentar um espaço no serviço público é sua melhor escolha no momento. “O mercado está ruim, tem sido difícil arrumar emprego. Estudar para concursos é o caminho da vez. Existe uma segurança que você não encontra no serviço privado, principalmente para quem quer constituir família”.

Judson tem a companhia da esposa nessa trajetória. Ela também estuda para concursos e o incentiva. “Nem todo dia você está disposto a estudar. Principalmente quando tem a frustração de não estar trabalhando, produzindo. Tem que ter foco e fazer planejamento. A parceria que eu e minha esposa temos é o que mais me motiva”, acredita.

Formada em gestão de recursos humanos, Larissa Hipólito é caloura em concursos. Ela escolheu o INSS porque gosta da área de atuação e por já ter realizado funções similares. “O salário não é alto para Brasília, mas pretendo fazer outros concursos. Quero estabilidade para ter meios de fazer outra graduação”. Mas não é somente estabilidade que ela almeja. “Gosto de poder ajudar. Vejo que os atendentes públicos em geral não prestam um serviço de qualidade. Falta informação e boa vontade. Existem pessoas humildes que precisam de explicações mais claras. Gostaria de trabalhar nessa área e poder ajudar”, conta.

Para evitar o desânimo, ela procura sempre começar o estudo por matérias com as quais ela se identifica. “Tento ler algo que gosto, para mim facilita o aprendizado. Estou sempre achando que deveria estudar mais, porém não concordo que estudar exaustivamente traga algum êxito. Existe um limite para o conteúdo ser absorvido. Quando chega o cansaço, não adianta insistir”, explica.

Arquivo pessoal
Quem chegou lá

A conquista, com a qual tantos candidatos sonham neste momento, foi possível para Marília Araújo. A técnica do seguro social garantiu sua vaga no mesmo concurso, quando em 2008 passou em 1º lugar na cidade de São Mateus/ES. Ela conta que, na época, o INSS não era seu foco, mas se realizou após conhecer a função. “É um trabalho pesado, porém muito gratificante. Não há nada mais recompensador do que você ver a alegria estampada no rosto de um senhor ou de uma senhora quando tem seu direito reconhecido”. Ela diz que a concorrência não a intimidava e que tinha confiança em seu preparo. “O que realmente importa é o quanto você estuda e se dedica. É necessário abrir mão da vida social para um futuro em que você possa ter isso novamente. Não há nenhum benefício sem sacrifício”.

Marília também optou por explorar o conteúdo de legislação previdenciária na preparação para a prova. “Estudava todos os dias das 20h as 2h, exceto aos domingos. Priorizei a parte da legislação previdenciária que teria mais peso e é uma matéria muito extensa e de difícil entendimento”. Até hoje ela não esquece quando saiu sua classificação no Diário Oficial da União. “Foi sofrido até ver minha nomeação no jornal na página 21, do dia 26 de maio de 2008”, relembra.

Dicas
O coordenador-geral do cursinho preparatório Gran Cursos, Juan Ferreira, recomenda que o estudante elabore um cronograma de estudos de forma que envolva o conteúdo completo do edital e que tenha disciplina para seguir os horários estabelecidos. Na reta final da preparação, ele aconselha que o candidato pratique exercícios físicos, respeite o período de sono e se dedique à revisão de todos os conteúdos estudados e à resolução de exercícios, com atenção especial às provas anteriores da banca examinadora.

Para a realização do exame de forma mais eficaz, ele alerta para a necessidade de controle emocional: “É fator decisivo na conquista da aprovação em qualquer concurso público. O candidato precisa saber que a ansiedade e o nervosismo exercem uma grande influência negativa na hora da prova. Ele deve acima de tudo manter a calma, confiar em sua preparação e se abster das cobranças internas e externas”.

Edital
A previsão do certame é de concorrência elevada. As 950 vagas são distribuídas em 800 para o cargo de técnico do seguro social, com exigência de nível médio e 150 para analista do seguro social, que requer formação superior no curso de serviço social. Os salários variam de R$ 4.886,87 e R$ 7.496,09, com regime de trabalho de 40 horas semanais. As oportunidades são para lotação em todos o país. Os exames serão aplicados em 15 de maio. Saiba mais sobre o concurso e confira o edital aqui