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Primeiro colocado no concurso do Senado conta como conseguiu chegar lá

Carlos Alfama é policial legislativo da Casa há quase quatro anos

17/03/2016 09:30 | Atualização: 17/03/2016 09:33

Lorena Pacheco

Logo após sair do Ensino Médio, aos 17 anos, Carlos Ferreira Alfama tinha uma certeza na vida: queria ser servidor público. Segundo ele o mercado de concursos aqui em Brasília sempre foi favorável e isso o incentivou. Foi quando começou a estudar junto com as obrigações da faculdade de direito. Não tinha um cargo ou órgão específico como meta, fazia as seleções que apareciam. Mas não demorou para os bons resultados aparecerem.

Em 2008 passou em seu primeiro processo seletivo. Com salário de R$ 1,7 mil, ele foi aprovado em 12º lugar no cargo de técnico em financiamento e execução de programas e projetos educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). “Era um cargo de nível médio com salário não muito bom, por isso já entrei com a cabeça voltada para mais estudos”, relembra. “Aí passei a conciliar trabalho, faculdade e estudos para concursos. Para tanto usava todo meu tempo disponível, no almoço e depois das aulas, sempre de forma constante e disciplinada”.

Pouco tempo depois, em 2009, Carlos passou para o posto de assistente técnico-administrativo da Receita Federal, em 6º lugar no Distrito Federal. O cargo também exigia nível médio, mas com salário um pouco melhor: R$ 1.947,07. Já em 2011, passou em 7º lugar para técnico jurídico da Procuradoria Geral do DF, cargo de nível médio com salário de R$ 4 mil. Para o concurseiro, o segredo de uma aprovação atrás da outra é a dedicação total. “Antes de sair um edital, eu estudava cerca de três horas por dia as matérias básicas e, após sair o regulamento, tirava férias do trabalho para me dedicar integralmente às disciplinas específicas”.

Tudo ia bem, até que em dezembro de 2011 Carlos foi surpreendido pelo edital do Senado Federal. Ele e todo o país. Afinal, não era para menos, já que uma das sedes do Poder Legislativo federal abria 246 chances com salários astrais que variavam de R$ 13.833,64 a R$ 23.826,57. Carlos se animou com os números. Ele e mais 157.939 candidatos que se inscreveram na seleção. Foi, de fato, o concurso do ano. “Já tinha uma bagagem boa de conteúdo na época, mas levei um susto com o edital e passei a me dedicar exclusivamente. Cheguei a pedir exoneração da Procuradora só para isso”.

Foram apenas 72 dias de preparação – pouco mais de dois meses -, em que Carlos se dedicou aos estudos das 9h à 1h, todos os dias, parando apenas para as refeições. Mas estudar durante praticamente 16 horas por dia não foi nada fácil. “Nesse período tive que parar por três dias, não aguentava mais. Porém ficava em casa descansando, até porque não tinha dinheiro para sair e dependia dos meus pais para pagar as despesas. Minha família sempre me apoiou muito”.

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Como estratégia de estudo Carlos foi contra o que muitos preparatórios para concurso aconselham, estudou uma matéria por vez - chegou a se dedicar a direito constitucional por semanas, até vencer todo o conteúdo exigido. Nesse intervalo fazia resumos todos os dias e revisava todo o conteúdo ao final da dedicação a cada matéria. A prática de exercícios também era constante, principalmente de provas já aplicadas de cada disciplina – ele não se detinha nas questões específicas do órgão ou do cargo. “Sempre me preparei para o pior. Para o Senado, estudei todo o conteúdo programático, mas apenas metade do regimento. É quase impossível fechar o edital. Você tem que fazer uma escolha com base na sua experiência sobre o que é mais cobrado nas provas”, aconselha.

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No dia D, 11 de março de 2012, Carlos estava tranquilo, para ele acabou sendo mais um dia em que colocaria seus conhecimentos à prova. “Não achei que passaria, tanto que já tinha um plano B, que era iniciar os estudos para a Polícia Rodoviária Federal já no dia seguinte”. Ele realmente já tinha feito a matrícula para freqüentar cursinho para a PRF, mas não foi preciso. Dos 120 pontos da prova do Senado, Carlos fez 105 e passou em primeiro lugar para policial legislativo federal (cargo que exigiu nível médio e ofereceu 25 vagas e salário de R$ 13.833,64).

“Comemorei por muito tempo com a família, fizemos aquele churrasco e todos estavam felizes por mim. Foi muito inesperado, realmente não achei que ficaria em primeiro lugar”. A nomeação veio em setembro daquele ano. Atualmente ocupa o cargo de chefe do Serviço de Suporte Jurídico da Secretaria de Polícia do Senado Federal e dá aulas de direito em cursos preparatórios como o IMP Concursos. Em quase quatro anos de trabalho, Carlos já conhece os benefícios e as mazelas do órgão. “O Senado tem uma remuneração muito boa e um horário de escala de trabalho flexível, o que possibilita boa qualidade de vida. Como órgão, porém, tem muito que evoluir em relação ao trato com o servidor, por se tratar de um órgão muito político, é comum que a parte técnica às vezes não seja muito observada”, analisa.