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Concurso da PM atrai 50 mil e eleva nota de corte do certame

Salário, que pode chegar a R$ 15 mil no fim da carreira, foi um dos elementos que mais chamaram a atenção dos concurseiros. Grande número de concorrentes elevou nota de corte do certame, que teve a primeira etapa ontem

21/05/2018 08:00 | Atualização: 21/05/2018 13:25

Vera Batista

Vera Batista/CB/D.A Press
Candidatas Narrima Dantas e Thais Marcelly

Mais de 50 mil candidatos de todo o país, de diferentes idades, trajetórias, motivações e etnias, disputaram, ontem, cerca de 2 mil vagas em concurso da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Um dos atrativos foi o salário. A remuneração inicial é de R$ 5,1 mil, mas pode chegar a R$ 15 mil no fim da carreira. A primeira etapa do certame (com seis fases de classificação e seleção) para o Curso de Formação de Praças (CFP), com graduação de soldado, foi de provas objetiva e discursiva e assustou alguns dos concorrentes.


Depois do exame, muitos candidatos estavam preocupados com as questões de línguas portuguesa e inglesa, raciocínio lógico e legislação. A advogada Thaís Marcelly, 26 anos, veio de Tocantins. “Estudei muito, me dediquei. Mas a prova de inglês, matéria que não domino há mais de 10 anos, estava terrível. Fui no escuro. Marquei tudo letra C”, contou.

Já Narrima Dantas, 16, do Amapá, professora de língua inglesa do Instituto Federal de Educação, estava certa de que gabaritou a prova de inglês. Ambas se conheceram naquele momento, aguardando o transporte que as levaria ao aeroporto, e discutiam suas experiências: “teve somente uma resposta lá com a letra C”, explicou Narrima para Thaís. “A prova de inglês, para mim, estava fácil. Tive dificuldade na de legislação, exatamente a que foi mais fácil para ela”, brincou. As duas disseram que, se fossem corrigir suas próprias provas, receberiam pelo menos nota 7. Jeleandro da Silva Lago, 30, que é guarda municipal em Goiânia, sofreu bastante com português, matemática e raciocínio lógico. “Muito difícil. Tomara que eu esteja enganado, mas acho que não consigo mais de 5. Esse é o segundo concurso que faço. Como trabalho, estudo quando posso.”

De acordo com Rafael Vasconcelos, professor de direito penal e constitucional de cursos preparatórios e de aulões solidários para alunos de baixa renda, as disciplinas mais importantes nessa seleção, das 12 exigidas, foram mesmo português, matemática e legislação. E o maior problema, quando a concorrência é grande, é que a nota de corte (a mínima necessária para conseguir aprovação) é alta.

“Tem muita gente bem preparada e, com isso, os resultados tendem a ter maior qualidade. Para passar, o índice de acertos tem que ser, no mínimo, de 70 a 80% do conteúdo. Mas quem não passou não deve se desesperar. Outras chances virão. No sábado, fiz uma preparação psicológica com meus alunos. Para evitar desilusões e inconformismos indevidos, é bom, de início, fazer uma ressignificação de possíveis derrotas e entender que a reprovação também é um dos caminhos para aprovação em outras oportunidades”, assinalou o professor.

Entre as 60 questões de conhecimentos gerais que fizeram parte do exame, os candidatos encararam oito de língua portuguesa, quatro de língua inglesa, cinco de matemática e raciocínio lógico, quatro de atualidades, três de criminologia e seis de legislação aplicável à PMDF, além de três questões de conhecimentos específicos, após a abertura dos portões, às 12h30. A maioria de inscritos era do sexo masculino (34.467 do total de 50.448), mesmo depois do aumento do número de vagas imediatas e para cadastro de reserva para mulheres: mais 73 para admissão imediata e 220 para cadastro de reserva.

Entre as inscritas, estava a enfermeira Ayla Alves Garcia, 23, graduada há mais de um ano. Ela se dedica, atualmente, a estudar para concursos. Faz curso preparatório pela manhã, vai à biblioteca à tarde e complementa o aprendizado com exercícios extras durante a noite. “Gosto muito da área de saúde e também da carreira de policial. Se eu passar, quero atuar na rua mesmo, nada de setor administrativo. E quem sabe se, lá dentro, eu consigo trabalhar na minha área, em enfermagem?”, torce a candidata.

Enquanto isso, Dayane Neves, 26, concilia os estudos com o trabalho temporário no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo assim, reservou quatro horas diárias para se preparar para, no futuro, se empenhar no Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). Dayane contou que se identifica com o público jovem. “Tenho uma filha de 10 anos. Me dou bem com crianças e adolescentes e adoraria trabalhar nessa área de prevenção”, destacou.

Entre os homens, Arthur Santana, 26, que já tentou concurso para o Corpo de Bombeiros, se dedicou exclusivamente aos estudos nos últimos seis meses. “A carreira militar sempre me atraiu bastante. Acredito que a disciplina desenvolvida ao longo do trabalho é algo importante a ser aprendido por toda a população”, afirmou. Carlos Augusto Caroni, 26, teve um tempo menor de preparo e começou a estudar especificamente para o concurso da PM há um mês e meio. “Sempre quis a área policial e acredito que atuar em Brasília é uma oportunidade muito boa, já que a cidade não é tão violenta quanto outras capitais”. Carlos faz parte de uma parcela de concurseiros que busca nas seleções a oportunidade de ter melhores condições de vida, enquanto se prepara para outra carreira.

Animais

“Desde 2013, quando me formei, atuo como advogado. Estudo enquanto trabalho. A rotina é puxada. Mas, em breve, tenho vontade de seguir carreira na magistratura”, reforçou Carlos Augusto. Carolina de Faria, 26, formada em direito, adora animais e gostaria de atuar na área da cavalaria ou na BP Cães. “A estabilidade na carreira e boa aposentadoria foram pontos fortes na hora fazer a inscrição”, destaca. O namorado Bruno Freitas, 22, formado em educação física, foi até o local de prova para apoiá-la. Bruno passou recentemente no concurso dos bombeiros.